Baleiro

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entre as inúmeras coisas identificáveis que já ouvi, uma delas é que tenho uma multidão dentro de mim.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A Nostalgia do Amanhã




Recorro as futuras lembranças que terei num amanhã próximo. Elas existirão em formato digital, PDF, numa caixa de email, e talvez, em lixo eletrônico. Não existirão cartas escritas a punho, cartão postal e nem fotos reveladas. Minhas lembranças estarão ao alcance de um click e tudo em alta definição.

Em um único pen drive( com uma mega capacidade de armazenamento )terei uma vida: meus discos (em MP3), meus livros (em e-book),meus vídeos (em MP4), minhas fotos (em álbum digital) e meus escritos (em blogs como esse) ou mesmo “o que estou fazendo agora” em um twitter qualquer.

Vivemos a era dos “Jetsons” (o desenho animado futurista). As invenções tecnológicas são rapidamente substituídas, algo mais moderno, potente e que requer cada vez menos trabalho para o homem. Tenho medo que em meio a tanta parafernália eletrônica , nos tornemos ilhados em meios aos clicks possíveis. Claro que tais inventos nos dão uma dimensão de velocidade e praticidade inacreditável. Compramos pela internet, viajamos, conhecemos culturas, pessoas e até amamos (!). Tenho receio que a “criatura” vença o “criador”.

Em meio a tudo isso, pouco tempo nos sobra para lembrarmos de alguns itens recentes que mais parecem peças de museu: disco, máquina de escrever, carta e etc. Em se tratando de eletrônicos, sempre que começo descobrir algum item interessante de uma máquina, logo surge outra mais potente, veloz e inteligente.

Não troco o livro de papel pelo eletrônico, preciso ter o contato intimo do toque nas suas páginas. Leio jornais diários eletrônicos, mas prefiro sujar as pontas dos dedos com a tinta que eles soltam. O mesmo falo para as revistas e também para as cartas. Mas ninguém mais tem tempo para elas, o email, pela velocidade e praticidade, tornou as cartas um símbolo de poesia.

Por isso, vou eu aos poucos, intercalando entre a nostalgia recente de um ontem á modernidade que nos invade em todo e qualquer lugar. Ainda terei uma máquina de escrever e uma radiola também. Continuarei comprando livros. Mas paralelo a isso, enviarei vários emails diariamente, continuarei a ler jornais e revistas virtuais. Procurarei discos raros em brechós e uma agulha nova para o meu nada potente som (que também não será estéreo).

Às vezes, fico a pensar que preciso de mais “memória” (upgrade) para assimilar todas as inovações desse futuro que é agora e que daqui a pouco, já envelheceu.

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