
Numa profusão de coisas, assim parece que a vida nos ocorre. Num passar de segundos, misturados a minutos e horas e que somando se aos meses, formam-se os anos e que juntam-se as décadas, formado assim, uma vida.
Uma vida que se mistura a outras. Desde o nascimento, DNA’s, influências e contexto de uma história. A vida é a soma de partes. É o entrelaçar de conhecimentos, de encontros, de sentidos.
Outro dia me vi pensando em quem sou. Complexo pensamento primitivo humano. Tive a certeza de que sou muitos, dos encontros venturosos que a vida me propiciou e me propicia. Não tenho mais a imaturidade de achar que sei de tudo. Apesar de nunca ter tido, sei que somos, além do tempo, a soma das pessoas.
As influências estão por toda parte, já vieram e ainda virão. São necessárias como o respirar, essenciais. Pobres os que de espírito turvo que acreditam saber tudo ou ter verdades absolutas. Elas simplesmente não existem. São moldadas em nossos quadros de vida. Concebidas por nós e pelos outros quando pensamos de dentro para fora. Já viver, sentir é outra coisa, mais além, profundo.
Eu hoje sei que sou ainda o garoto do jardim de infância, que meio tímido adentrava numa sala de aula(como adentrei a vida). Sou meu amigo da adolescência. Sou aquele que nunca mais vi e aquele que vejo sempre. Sou meus textos e poemas. Sou minha amiga porra louca em noites de papos e porres nas mesas de bares. Sou meu pai, minha mãe e parte dos meus. Sou o amor perdido e encontrado. Sou a recusa de aceitar tudo isso. Queria a originalidade, mas hoje em dia aceito ser a mistura de todos vós.
Admito ser uma variação, uma soma, uma sequência. A continuidade da vida enquanto vivo, enquanto gente. E o quão é simples o que temos de complexo. Ou,o quanto é complexa a simplicidade. Apenas ser é despir-se de si, porque no final somos vários. Identificáveis vamos nos moldando. Mutáveis vamos nos reinventando.
Que venha as novas influências e que eu nunca me acomode tentando ser apenas eu. É pouco, é muito limitador. Aos que acreditam e buscam a reinvenção do tempo e da vida, que fique atento aos demais. O espelho é um objeto narcisista capaz de nos cegar a alma.
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