Baleiro

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Fortaleza, Ceará, Brazil
entre as inúmeras coisas identificáveis que já ouvi, uma delas é que tenho uma multidão dentro de mim.

domingo, 19 de julho de 2009

* Alegria, Alegria




Depois de anos de ostracismo e quase uma década depois da sua morte, Wilson Simonal está de volta. O documentário SIMONAL- NINGUÉM SABE O DURO QUE DEI narra a vida, o sucesso e a decadência de um artista brasileiro.


Pouco se fala em Simonal quando se fala em música brasileira, dá pra entender os porquês vendo o documentário. O homem que nos anos 60 e inicio dos anos 70 lotou o Maracanazinho (um público estimado entre 30 e 50 mil pessoas) fazendo a platéia cantar em coro. Um artista que viajou quase o mundo inteiro. De tão popular tinha um programa na TV Record, no auge dos festivais de música. Vendeu muitos discos, tinha fama e fortuna.


De uma hora para outra perdeu tudo. Um boato pôs fim a sua carreira em ascensão. Das capas das revistas para as páginas policiais dos jornais ou sendo execrado pelo “O Pasquim”. Foi acusado de “dedo duro”, em plena ditadura, acusado de cacoete. Não teve direito de defesa, não teve quem intercedesse por ele. A mídia e o público tinham uma sentença cruel para Simonal: o esquecimento.


Simonal era filho de empregada doméstica, negro e pobre. Outro mundo se abriu diante dos seus olhos: dinheiro, luxo, mulheres, viagens... Pelos depoimentos, percebe-se que o sucesso lhe subiu á cabeça. Houve um deslumbre e uma dose exagerada de exibicionismo, de soberba.


O criador da “pilantragem” tinha suingue, conseguia prender a atenção do público e interagia com eles como ninguém. Deu ao país um ritmo novo, em meio aos problemas sociais da época foi um alento das grandes massas. Porém, foi condenado moralmente no auge da sua carreira. Depois disso veio o alcoolismo e a depressão. O artista entrava em declínio e a sua sentença era o esquecimento do público que um dia o amou.



O documentário SIMONAL – NINGUÉM SABE O DURO QUE DEI é antes de qualquer coisa uma justa e póstuma homenagem ao artista que vagou durante anos enxovalhado moralmente. É uma ótima oportunidade de conhecer uma lacuna da história da música popular brasileira que foi “apagada” ou esquecida durante anos. Brasileiro tem memória curta, mas existem alguns episódios que valem a pena lembrar, certamente esse é um deles.

*Alegria, Alegria era um bordão usado por Simonal.

Um comentário:

  1. Somos crias de um cultura que nos leva ao deleite do futil e ao esquecimento do que poderia nos fazer mudar mesmo !

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