
Quem costuma andar nas imediações do terminal do Papicu certamente já se deparou com as frases do sapateiro Alves (o nosso Gentileza). Havia um enorme muro em volta do seu local de trabalho na Av. Engenheiro Santana Junior em que ele utilizava para os seus escritos.
Frases simples, mas com lições de vida, ensinamentos e ditos populares. Todas escritas de uma maneira bem particular, contendo até alguns erros ortográficos o que deixava ainda mais interessante a sua maneira de se expressar. Porém, foi erguida uma imponente construção imobiliária, levando assim, parte do muro com as frases e outra parte pintada com a propaganda da futura loja que se instalará no local. O que restou foi muito pouco e sabe-se lá até quando.
Talvez em breve o que ficará dos seus “ensinamentos” será a lembrança daqueles que liam atentamente o que ele escrevia a tinta nos muros brancos. Uma cena inusitada no cotidiano de uma metrópole que fica a cada dia mais cinza. Resta saber se o Sr. Alves continuará utilizando o que a vida lhe ensinou e ele insiste em repassar para uma multidão (que nem sempre atenta) ler o que ele escreve e entende a importância de querer se comunicar, manifestando assim, crenças e conceitos de um homem simples e que aparenta ser dono de uma verdade popular e certeira.
Resta saber se a cidade com os seus prédios e muros cada vez mais altos darão espaço a um artista de rabiscos e pregações pueris. Uma ode, algo espontâneo e verdadeiro que desponta em meio ao trânsito de automóveis, pessoas e outras aporrinhações diárias. Frases que podem te fazer pensar, refletir sobre a sua própria vida ou a de alguém próximo. Um momento em que podemos olhar para dentro. Será que a poesia sobrevive a Selva de Pedras? Será que o nosso Gentileza encontrará outros muros?
Vai ficar apenas nas nossas lembranças,
ResponderExcluiracho que por isso temos que observar
as coisas com mais calma pois assim
podemos mante-las apenas na lembrança.
Lindo post!! vivi minha adolescência
vendo essas frases sendo construidas.