
Sempre que retorno á minha cidade natal sinto um misto de sensações. Um lugar que para mim, é emocionalmente o centro da terra. Primeiros passos, acertos, erros e vivências. Lembro com clareza dos primeiros momentos em que o desejo de partir me assolava. É como se um ciclo tivesse se fechado.
Estive no Iguatu no último final de semana. Algumas mudanças, pessoas “novas”, velhos conhecidos, alguns amigos e familiares. Tudo isso junto, tudo de uma vez. Lembranças me vieram á tona, pessoas, momentos e outras coisas que vivi.
Um drama recente (o acidente do meu pai), e um milagre visível (a recuperação dele), entre tantas outras coisas. Vidas próximas e novas (como o nascimento de mais uma sobrinha) e outras repetições que pude constatar. No interior, o ritmo é outro. Em alguns momentos tenho a sensação de que as coisas são apenas cíclicas. Tinha essa idéia quando lá estava e ainda a tenho sempre que retorno.
Sem pré-julgamentos, críticas ou coisa do tipo, existem pessoas que nasceram para viver desse cotidiano “previsível”. Que a pacata vida interiorana é suficiente. Comigo, deu-se o contrário. Sempre tive o desejo de descortinar o novo e aventurar-me por terras que não conheço. Talvez daí venha inquietude que sempre tive em viver esse cotidiano do interior. Sempre tive uma queda pelo urbano, pela noite, pelo desconhecido. E de onde venho, vejo mais vidas “pré-destinadas”, mais dias do que noite, mais sol do que luas, mais regras do que a liberdade de poder ir e vir, mais repetições do que inovações, mais conhecidos, menos estranhos.
O interior tem seus encantos, suas diferenças e particularidades. Vivi parte delas, sou parte disso e tenho a certeza dessa influência na minha formação e caráter. Algumas coisas só encontramos pelos interiores: alguns termos, sotaques (que faço questão de manter) e estórias, as muitas que ficam mitificadas entre os moradores locais.
Por falar nisso, fui apresentado a minha “rezadeira” (uma simpática velhinha) que minha mãe recorria sempre que eu não estava bem quando criança. Entre o milagre vivido e a renovação da vida, essa apresentação me soou como um excelente presságio.
P.S: a foto que ilustra o texto é de um tradicional café no centro da cidade. O lanche (merenda) é "chapéu-de-couro"(um bolo de frigideira) com café.
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