

Ontem vi um documentário sobre Maria Bethânia, realizado em 2000/01, “Maria Bethânia do Brasil” de Hugo Santiago que narra parte da carreira da “grande dama da música brasileira” como foi chamada por Gilberto Gil em um show na França.
Numa baía de tantos santos, terra de mar e de encantos, de rios e Carnaval. Terra de Bethânia, devota de Nossa Senhora da Purificação e eu devoto de uma Maria terrena, quase profana. Mas ao cantar, a divindade se faz presente, voz e presença. Bethânia Brasil baiana.
Entre os inúmeros depoimentos, está o do pai quando ela decide tentar a carreira no Rio de Janeiro. Dele escutou a seguinte frase: “Você vai e se você for feliz você é a culpada, se for infeliz o culpado sou eu.” O nome foi dado pelo irmão Caetano, por causa de uma música com esse título. Sua estreia em terras cariocas foi no Teatro Opinião, substituindo Nara Leão. Ela debutava no Rio e o Brasil ganhava um ícone da MPB.
O que mais me fascina em Bethânia é a sua entrega, o seu teatro musical, o declamar cheio de vida e quando as poesias exigem, também de morte. Ela, em uma das suas declarações afirma: “Eu gosto da tragédia grega, é disso que eu gosto.” E a sua obra é realmente pontuada por uma passionalidade vívida. É como se tudo fosse dito “olhos nos olhos” (música que Chico Buarque compôs para que ela cantasse). E Chico ainda acrescentou que escreve algumas musicas pensando nela e quando ouve a interpretação descobre uma outra nuance. Sobre isso, ele pensa:"Vou escrever para o personagem:Maria Bethânia."
No documentário, acompanhamos através de fotos, vídeos, gravações e depoimentos o desenrolar de uma carreira que se mantém impecável até os dias de hoje. Bethânia é sinônimo de uma verdade cantada, como poucos, ela consegue exprimir e (re) criar canções. Através do seu cantar, do seu declamar consegui compreender muito sobre a vida, a minha e a dos outros.
A intérprete e o palco.
Pés nus de Bethânia
Alma desnuda
Eis o canto, força, pranto
Presença incontestável
Beleza que os olhos vêem
Mãos, olhos e passos
Um ventre dança
Veias pulsantes
O alheio tomado para si
Poeticamente dito
Cantos, contos e vida
(Re) criações e (re) inventos.
Cesar Teixeira, em momento de tietagem explícita.
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