Baleiro

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Fortaleza, Ceará, Brazil
entre as inúmeras coisas identificáveis que já ouvi, uma delas é que tenho uma multidão dentro de mim.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Sem título 1



Sentado na frente do computador, a fumaça do café embaça a tela que lentamente surgem palavras que vão se formando e compondo um texto qualquer. Um texto medíocre, daqueles que se quer existe um tema, uma ideia central. Ele surge fundamentalmente disso: do vácuo.

Dois goles de café e releio o primeiro parágrafo. Tento afastar o sono, por isso, bebo um café forte e bem quente. Tento afastar o cotidiano, por isso, escrevo, sem saber ao certo o quê e nem para quem. Não tenho o intuito de impressionar ninguém, de que alguém em especial leia. É apenas um montante de palavras que eu emaranho para ver se fujo do tédio que me invade sem porquês.

Penso num personagem que eu desejo criar, em como ele seria. Sem a pretensão de mudar alguém, apenas desejo criar alguém que imaginariamente viverá das estórias que eu inventarei. Ainda sem perfil ou sexo definido, o que sei, é que ele será humanamente fragmentado. E de nós, seres já existentes herdará muito.

Depois, lembro que fiquei devendo um poema singelo para alguém e que nunca o fiz. Então, tenho a certeza de que se ainda não fiz é porque essa pessoa nunca me inspirou realmente, portanto, nada devo. Lembro dos montes de poesias criadas para pessoas que nunca leram e se leram não compreenderam, portanto, o valor é apenas expurgatório.

Roteiros começados, poemas incompletos e personagens que morreram antes mesmo de nascer. Papéis perdidos e estórias rasgadas. Talvez, algumas dessas estórias dessem uma boa peça ou encenação cinematográfica. Perdidas num vácuo qualquer, assim como estórias que se perdem na vida. Sem foto, sem ápices, sem passado. Coisas que nunca existiram de fato, sub existiram em algum lugar e que não têm nome.

Tomo outro café e continuo em breve essa estória sem nome, apenas com gosto de grãos torrados e de dias em que estamos num vácuo de nós mesmos e de coisas e pessoas que um dia fomos,seja por eventualidade ou essência.

Um comentário:

  1. Amigo, César... Acredito que nada se perde. Nem a fumaça embaçante do café; nem os versos que faltaram para terminar um certo poema; nem mesmo as coisas que a gente julga pertencerem ao vácuo por não nos parecerem completas... Tudo é completo pelo simples fato de já existir. Tanto as nossas realizações como as nossas indecisões têm um propósito. Alguns ciclos se fecham enquanto outros são quase fechados, pois ainda merecem mais combustível da nossa parte – no tempo certo. Nada é em vão. Nem as palavras soltas ou a falta de um objetivo inicial. Este texto resolveu andar por si só. Sem propósito inicial, e assim o fez; caminhou. E talvez neste impulso de simples palavras é que nos venha uma lição despretensiosa de que há momentos em que devemos apenas andar. Sem olhar as páginas rasgadas, os rascunhos amassados... Apenas escrever... Apenas seguir. E isso precisa nos bastar. Assim como o cheiro de um bom café já passa metade de nossa ansiedade só por sabermos que o sabor já está próximo. (André França - GodMaximus)

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