Baleiro

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Fortaleza, Ceará, Brazil
entre as inúmeras coisas identificáveis que já ouvi, uma delas é que tenho uma multidão dentro de mim.

terça-feira, 25 de maio de 2010

O tempo que não se mensura




Nos dias de hoje, ter tempo ocioso é o maior luxo do ser humano. Do empresário de alto escalão até o trabalhador que bate ponto, todos anseiam por algumas horas ou dias para se dedicarem a coisas as quais realmente gostam ou acreditam ser essenciais.

Hoje, acordei com o despertador do celular e o sol já despontava seus raios sobre a vidraça da janela. Pensei que seria um bom dia para ir à praia, mas sabia que em poucos minutos, eu tinha que estar na aula de inglês e, em seguida, no trabalho. Ontem, ao acordar, vi que caía uma boa chuva, e pensei no quanto seria bom ficar dormindo um pouco mais, porém, tive que ir ao trabalho.

Além do tempo que mensuramos através do calendário e relógio, existe o nosso tempo. O tempo de cada um, este é imensurável. Quanto tempo que perdemos em filas, em conversas chatas, no trânsito, em vazios de ideias e em momentos que julgamos dispensáveis? O fato é que esse tempo não volta e é descontado do tempo que não podemos mensurar. Corremos contra ele durante toda vida, existe um tempo cronológico que passa rápido e um belo dia enxergamos no espelho “outra pessoa”.

Foi assim que um dia acordei de barba e tempos depois vi o primeiro cabelo branco se destacando entre os castanhos. Eu havia me tornado adulto, mas não sentia o peso dos anos que, meteoricamente, havia passado. Ainda sou um jovem, na aparência e na idade, tenho sonhos que são capazes de ser renováveis e realizáveis.

Confesso que, com o passar dos anos, a cautela com a vida aumenta e a sua valorização também.Pois, aprendemos a olhar tudo a nossa volta com olhos famintos, de quem tem intrinsecamente fome de vida, ganas por viver. E vamos em compassos oscilantes, como ensaístas, mensurando o gostaríamos de “ter”e “ser”. Muitas vezes, temos ensaios curtos, porque tudo o que é real nos invade diariamente. E o tempo está presente em tudo, em alguns momentos como aliados e em outros como um verdadeiro vilão.

O tempo deu a minha vida uma boa dose de maturidade e a vivência vem aos poucos reafirmando isso. Não podemos lutar contra o tempo, no máximo nos tornar aliados, sorrir, chorar, sentir saudades, alívio e uma infinidade de sentimentos que eles pode nos trazer. Mesmo com tal consciência, sempre penso que eu gostaria de ter mais tempo para ensaios e, assim, poder fazer escolhas. Poder me encontrar e me perder inúmeras vezes, inclusive, no cotidiano trivial.

Um comentário:

  1. Amigo, vc conseguiu dizer exatamente aquilo que eu queria e não conseguia... é isso mesmo, o caminho é esse. Tenho buscado, com certo sacrificio, priorizar algumas coisas na minha vida e realmente gastar tempo com aquilo que vale a pena.
    Simplesmente fantástico seu texto.

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