Era manhã e o sol adentrava pela
janela ampla da sala. Aquele era o meu primeiro endereço na cidade. Fui até a
janela e vi que havia um mundo lá fora e aqui dentro o desejo de
desbravá-lo. Rapidamente fiz planos
futuros, pensei em coisas e pessoas que havia deixado para trás. Rupturas são
sempre escolhas difíceis, por mais que se façam necessárias.
Nos cômodos do apartamento,
várias caixas espalhadas pelo chão. Era parte de uma vida nova e de mudanças
que a vida me reservava e que eu almejava com sinceridade. Muita coisa me
definia naquela época, muitas expectativas e quereres. Era tempo de desejar,
de ser. Obvio, veio a saudade, dúvidas e dificuldades, mas que nunca foram capazes
de me fazer sucumbir, voltar ou seguir para outro lugar.
O meu batismo na terra do sol foi
na chuva. É irônico pensar assim, mas a primeira vez que senti Fortaleza como
minha cidade foi num dia em que caia um temporal. Naquele dia, deixei que a
chuva me ensopasse a alma, que na ocasião, estava encharcada de sonhos e
vontades. Tudo o que eu queria era pertencer à cidade.
Já tive quatro endereços em seis
anos, conheci dezenas de coisas e pessoas. Essa cidade me trouxe possibilidades:
entrei para o curso que eu queria (Jornalismo), fiz cinema (produção de curtas
metragens), festival e trago uma série de outras vontades que quero realizar aqui.
Que nem tudo são flores, isso eu sei bem,tive dias desérticos em que tudo que
mais me incomodava era o excesso de sol. Dias de sol que também me
propiciaram o que chamamos de felicidade.
E sim, faço questão de continuar
sonhando,querendo, conhecendo e desbravando o lugar que eu escolhi para morar,
para viver. Andar a pé, ver o mar, sentir o vento e continuar uma caminhada que
começou num dia de abril há seis anos.
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