
Tenho percebido entre os espaços do tempo, a fragilidade da vida e ela se dá através do cotidiano. Não vivemos de momentos catarses e sim, de cotidiano. Todas as maravilhas e agruras se dão no dia a dia, por vezes silenciosas ou em celebrações repentinas.
É no passar das horas que a nossa vida pode ser alterada. É no passar dos minutos que a vida se repete e torna-se rotineira. E é num desses momentos em que um fato muda o curso de uma vida. Tenho ouvido mais sobre tragédias repentinas, sobre dias que transcorrem normalmente e numa esquina qualquer tudo muda, dia de sol, de chuva e um dilúvio de segundos te faz estar na hora certa e no lugar errado (ou vice versa).
Além do tempo e das fatalidades cotidianas, existem os pequenos milagres e a fé na vida. Tão essencial quanto respirarmos é acreditar no “apesar de”. Vivemos tempos difíceis, tempos em que a violência entra sem bater, invadindo lares, leituras, imagens e se misturam ao nosso dia a dia. Somos em parte reféns sociais e toda justificativa esbarra num problema crônico.
Guerra urbana, cidade sitiada, miséria S/A, tráfico, corrupção, maldade humana. Vivemos isso diariamente, tudo se encontra presente. Leia um jornal, veja a TV, fique atento e logo um sinal de violência se manifestará. Pessoas amedrontadas, o bem e o mal se travestem em fardas, em pedintes, em ricos e pobres. Classes se misturam e poderes trocam farpas. Lado A e Lado B juntos, tudo ao mesmo tempo.
O que nos resta fazer? Alguns oram, outros se privam de sair em horários X, de freqüentar lugares Y, fumê nos vidros dos carro, vídeo filmando os espaços em casas e trabalhos etc. Cada um tem a sua maneira de se proteger, se é eficaz não se sabe. Mas é necessário ter essa crença de que sim, de que é. Por mais que a gente esteja vivendo ápices de violência, temos que manter a calma para não surtar. Como dizem, é um problema crônico e nós estamos inseridos nessa realidade mórbida que nos cerca.
Sob vigílias, vivemos uma vida que certamente não é a ideal. Os excessos criam excessos e as coisas ganham proporções inimagináveis. Temos o medo respaldado e a violência infundada. Temos as trágicas estórias de morte e ganas por vida. Se pudéssemos idealizaríamos por menos grades, menos câmeras, menos policiamento e menos, muito menos erros sociais que alimentam e multiplicam as chagas que impulsionam a violência e a eleva para o status em que ela se encontra.
Nenhum comentário:
Postar um comentário