Que dia é hoje?

É a atmosfera, é a repetição, são as antenas captando e sintonizando aparelhos que estão em um volume mais alto. É o silêncio que vem lá de fora. São as janelas que vislumbro da minha e vejo um cotidiano semanal.

Hoje, fui acordado com um canto de pássaros que pareciam comemorar o dia mais tranqüilo que a semana tem. Não sei se eles comemoram diariamente, mas só hoje é que pude escutá-los tão cedo. Havia uma poesia nisso, e eu quase esqueci que dia é hoje. Voltei a dormir.

Horas depois, a mesma atmosfera envolve tudo que está à sua volta, me envolve, e parece que a tranqüilidade se faz presente em tudo. No dia de hoje, a única coisa que não se tranqüiliza somos nós. Hoje é um bom dia para ser ter inquietude, para reflexões antes das 18H, em ponto, esse horário me dá a sensação de que preciso respirar com mais força e tentar esquecer as pequenas angustias e afazeres que estão por vir.

Talvez eu esteja enganado e esse não seja um bom dia para questionamentos. Não é um bom dia para se lançar, nem para recuar. É um dia para se buscar pequenos prazeres. No cheiro do almoço que não sinto e no borbulhar da panela que ferve enquanto cozinho para pessoas queridas. Eu já disse que só cozinho para pessoas queridas? E especialmente nos dias como hoje, em que qualquer tempero a mais (ou a menos) pode colocar qualquer prato a perder. Mas hoje a minha alquimia não é a dos temperos e sim, das ideais.

Hoje é um dia para se ter lembranças e esquecê-las em seguida. Pensar em mortos e vivos. Desligar a TV, calar-se, falar e cantarolar uma letra do Cartola.Fazer planos que durem no máximo seis dias,nem um a mais e saber que parte deles,não serão cumpridos. É só amanhã que devemos começar algo novo, porque hoje é domingo.